sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pré-impressão flexográfica

A consolidação do fluxo digital de produção institui a prática atualmente dominante no segmento de impressão offset de se enviar para a gráfica, o arquivo com a especificação "pronto para saída". O arquivo é encaminhado diretamente para a gráfica com todos os requerimentos técnicos do processo de impressão como trapping, separação de cor, reticulagem e imposição, que são aplicados na fase de criação por programas de ilustração, retoque fotográfico ou de paginação, programas originalmente concebidos para mostrar o resultado da criação artística na tela do computador e na impressora de mesa. O arquivo “pronto para saída” é portanto a consequência da evolução de aplicativos desktop (de mesa) que passaram a incorporar os recursos anteriormente encontrados somente nos avançados sistemas de pré-impressão.

Recursos complexos de pré-impressão como a separação de cor, reticulagem e imposição devem ser específicos para um determinado método de impressão e acabamento e geralmente, os recursos encontrados nos aplicativos de criação são apropriados para o offset, por ser considerado este, o processo por excelência na impressão sobre papel. No universo da flexografia, o arquivo pronto para saída ainda está muito longe de merecer esta designação pois, com exceção dos arquivos preparados internamente por convertedores de embalagens, via de regra, estes são enviados com preparação para o offset, acompanhados de referência de cor ou provas para o offset.

Graças ao elevado grau de padronização, a finalização para o offset pode ser considerada mais simples e mesmo um arquivo gerado com a aplicação das melhores técnicas deste processo, uma vez submetido à impressão flexo, o mesmo apresentará um resultado muito pobre, com baixo contraste de imagem e acentuado desvio de cores. O conhecimento das recentes evoluções tecnológicas da flexografia e da diferença entre os processos de impressão ainda é de vital importância para obter uma boa reprodução em flexo.



A imagem preparada para offset é reproduzida na flexo com pouco contraste e alteração de tonalidades.

A pré-impressão flexo deve contemplar as características intrínsecas do seu processo como a maior espessura da chapa que na melhor hipótese é de 1,14mm e a variação da camada de tinta que é aplicada sobre a superfície da chapa pelo anilox. O impacto da impressão direta com relevo e a menor densidade da tinta líquida provocam maior ganho de ponto e comprimem as tonalidades de cores, gerando um resultado impresso com uma diferença acentuada em relação ao offset.

GANHO DE PONTO
O ganho de ponto ou a diferença entre o ponto no filme e o ponto impresso é um aspecto natural de qualquer processo de impressão e é muito mais pronunciado na flexografia do que no offset, onde ele é quase desprezível. Na flexo, um ponto de 5% será reproduzido como 11%, de 50% como 70% e acima de 85% como sólido. Para reduzir o impacto desta característica, faz-se necessário, a incorporação de uma curva de compensação ao gerar o arquivo de saída.

O ganho de ponto de cada impressora pode ser conhecido e uma curva de compensação específica pode ser criada através do fingerprint que consiste em rodar um clichê de teste (testform ou targets) fornecido pela clicheria. Existem no mercado diversos testforms produzidos por fonecedores de chapas ou entidades técnicas e todos contém elementos em comum como opções de retícula em diferentes percentuais, linhaturas e ângulos, sólidos, degradês, combinações de cinzas, indicadores de pressão e uma imagem de referência em CMYK.



Exempo de um clichê de teste (testform) utilizado para o obter a informação (fingerprint) da impressora.

A impressão do testform é medida com densitômetro e os valores obtidos são analisados por um software e comparados com os valores originais do arquivo e do filme para a determinação da curva do ganho de pontos específica da impressora. Para que o fingerprint possa resultar em ferramenta útil de pré-impressão, o teste deve contemplar todas as variáveis como a densidade e viscosidade da tinta, volume e linhatura do anilox, tipo de dupla-face, característica do substrato, velocidade de impressão, etc.


O tesform gera relatórios com o diagnóstico da impressora (fingerprint) que serão utilizados como ferramenta de pré-impressão.

RETICULAGEM
A superfície do cilindro anilox utilizado na flexografia, é formado por cavidades ou células que realizam a dosagem da tinta no clichê e que formam linhas com ângulos de 30, 45 ou 60 graus em relação ao eixo do cilindro. Estes ângulos obrigam a pré-impressão a alterar as inclinações padrões de 15, 45, 75 e 90 graus para 7,5; 22,5; 52,5 e 82,5 graus, respectivamente para as cores cyan, preto, magenta e amarelo. A defasagem de 7,5 graus em relação às inclinações padrões contribui para diminuir a ocorrência de moirè causado pela proximidade da inclinação de uma retícula com os ângulos de gravação do anilox. O efeito é semelhante ao provocado pela sobreposição de duas retículas na mesma inclinação.

A linhatura da retícula é outro aspecto a ser considerado com especial atenção na flexografia. A exemplo da inclinação, é preciso levar em conta a correlação entre as linhaturas da retícula e da gravação do anilox. A linhatura da retícula deve ser de 5 a 6 vezes menor do que a do anilox para evitar que os pontos da retícula mergulhem nas células do anilox e causem o excesso de entintagem e consequentemente, problemas na impressão da retícula.


CORES ESPECIAIS OU PANTONE
As cores especiais são utilizadas para melhorar a aparência geral do impresso em qualquer processo CMYK. Cores resultantes da combinação de duas ou mais cores CMYK em áreas extensas apresentam inconsistências e dificilmente alcançam tonalidades específicas e de padrões como o Pantone.

No processo offset, o recurso das cores especiais para contornar a limitação do processo CMYK, por requerer unidades adicionais de impressão é adotada com reservas. Na flexografia, o uso deste recurso é generalizado e unidades adicionais de impressão são empregadas também para o enobrecimento com cores metalizadas como prata e ouro, além do branco em substratos transparentes. Outra prática comum na flexografia é a utilização de um preto adicional para separar os elementos reticulados dos sólidos da mesma cor, proporcionando maior controle ao impressor na obtenção de preto intenso nas áreas sólidas, evitando o comprometimento da definição da imagem reticulada.


CONCLUSÃO
Considerando apenas os aspectos elementares abordados neste artigo, já podemos concluir que o arquivo pronto para a saída ainda vai demorar um pouco mais para chegar no universo da flexografia. Enquanto isso, nove em cada dez arquivos “prontos” continuarão sendo retrabalhados nas clicherias, para que possam se beneficiar das atuais possibilidades da flexografia e apresentar um resultado surpreendente na impressão.


Por Jorge Fumio Kurossu

http://www.tpgflexo.com.br/

Uma clicheria no ponto certo

Histórico
A TPG é a evolução de um empreendimento iniciado em 1997 por um grupo de profissionais com a proposta de fornecer soluções gráficas para a indústria de embalagens, utilizando como fator de sucesso, a prestação de serviços com alto valor agregado.

A empresa foi pioneira na América Latina na gravação de chapas digitais para flexografia com a instalação do Cyrel Digital Imager (CDI) em 1998, apenas três anos após o lançamento mundial desta tecnologia. A TPG também foi a primeira clicheria a adotar os sistemas especializados de pré-impressão para embalagens Nexus Artworks e Barco/Esko, gerenciamento de cor com provas digitais caracterizadas e prelo flexográfico Heaford.

Os ideais da equipe original persitem na forma de investimentos permanentes em soluções inovadoras de pré-impressão que aliados a métodos e procedimentos comprovados, contribuem para o contínuo aperfeiçoamento do processo de impressão flexográfica.


http://www.tpgflexo.com.br/